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Literatura Brasileira





Quinhentismo(1500): 


    O Quinhentismo foi o primeiro movimento literário no Brasil. Em relação aos demais, sua importância é um tanto quanto menos expressiva na literatura, por não apresentar nenhum escritor brasileiro; ou, ainda, nenhum "escritor". Apesar disso, muitos dos maiores vestibulares do país pedem que seus vestibulandos tenham conhecimento desta matéria. Além disso, serve também como conhecimento geral para aqueles que gostam do assunto. O movimento iniciou-se com o "ínicio" do Brasil (sim, eu sei. O Brasil existia antes do descobrimento, mas para a literatura, assim como para muitas outras coisas, sua história começa quando os portugueses chegam ao país). Seu fim foi marcado pela publicação de Prosopopéia, de Gonçalves de Magalhães, que já tinha algumas tendências barrocas. 
    O Descobrimento das Américas marca, antes de mais nada, a transição entre a Idade Média e a Idade Moderna. A Europa vive o auge do Renascimento, o capitalismo mercantil toma o lugar dos feudos, e o êxodo rural provoca o início da urbanização. Houve também, neste período, uma crise na Igreja: o novo grupo dos protestantes contra o grupo dos fiéis católicos (estes últimos no movimento da Contra-Reforma). Durante a maioria deste período, o Brasil era colonizado por Portugal. Os documentos eram escritos por jesuítas e colonizadores portugueses; o primeiro autor brasileiro apareceria, mais tarde, somente no movimento barroco, Gregório de Matos.

Momento sócio-cultural

*Início da exploração da colônia: extração de pau-brasil e do cultivo da ca-
na de açúcar.
*Expedições de exploração e reconhecimento da nova terra.
*Vinda dos jesuítas: trabalho de catequese dos índios e formação dos primei-
ros colégios.

Características literárias

*Literatura de caráter documental sobre o Brasil de cronistas e viajantes
 estrangeiros.
*Literatura "pedagógica" dos jesuítas, visando à catequese dos índios.


Autores e obras

*Carta de Pero Vaz de Caminha   ("certidão de nascimento" do Brasil)

Literatura de informação
*Pero Magalhães Gândavo: História da província de Santa Cruz a que vulgar-
mente chamamos Brasil
*Gabriel Soares de Sousa: Tratado descritivo do Brasil

Literatura de catequese

*Padre Manuel da Nóbrega: Diálogo sobre a conversão do gentio
*Padre José de Anchieta: Na festa de São Lourenço (peça teatral), Poema à
Virgem (de tradição medieval)

Seiscentismo ou Barroco(1601): 



    Os ciclos de ocupação da terra sucederam-se em consonância com as possibilidades demográficas e os interesses econômicos. Do litoral para o interior foram se definindo manchas de povoamento que originaram ilhas culturais. Estas, segundo Viana Moog, foram sementes da literatura regionalista, que se faz presente ao longo de toda a história literária do país.
    Nesta primeira fase é sensível a presença da Europa: Ibéria, no barroco; Itália, no arcadismo; França, no iluminismo (ver Século das Luzes). Define-se, ainda, a mediação da metrópole na transposição de valores estéticos do arcadismo e iluminismo. As manifestações literárias dos três primeiros séculos brasileiros respondem, antes de mais nada, ao problema da expansão ultramarina. A Carta de Pero Vaz de Caminha, oficializando para Portugal a posse das terras brasileiras, e o Diário de Navegação de Pero Lopes e Martim Afonso de Souza (1530) podem ser incluídos na Literatura de Viagens, gênero definido ao longo do século XV, em Portugal.
    O processo expansionista desdobra-se na colonização. Vencido o mar, começa a preocupação com a terra desconhecida, o que significava um desafio, pois, aparentemente, esta era indomesticável. Logo surgiram propostas para vencer a possível resistência e agressividade do índio. Esta preocupação manifesta-se na necessidade de registrar informações, organizar elencos e catálogos. Por estes motivos, são importantes os textos de informação, entre os quais se inserem Tratado da terra do Brasil (1570) e História da província de Santa Cruz (1576), de Pero de Magalhães Gandavo; Narrativa epistolar e o tratado da terra e gente do Brasil (1587), de Gabriel Soares; Diálogo das grandezas do Brasil (1618), de Ambrósio Fernandes Brandão; Diálogo sobre a conversão do gentio, do padre Manuel da Nóbrega; História do Brasil (1627), de frei Vicente de Salvador e os três primeiros séculos das Cartas jesuíticas.
Estes textos descrevem a terra, os costumes silvícolas e revelam a expectativa do colonizador em encontrar ouro e prata. Já os textos jesuíticos, mesmo os literários, de poesia ou teatro, têm como pano de fundo a preocupação missionária, alimentada pelo clima proporcionado pelas resoluções do Concílio de Trento. Esta realidade é facilmente identificada na obra do padre, poeta e dramaturgo José de Anchieta (1534-1597), autor de autos pastoris, entre eles, o Auto representativo da festa de São Lourenço (1583), e de poemas em metros breves, de tradição medieval espanhola e portuguesa, entre os quais se destacam Santíssimo Sacramento e A Santa Inês.
    O teatro centra-se no antagonismo entre anjos e demônios, bem e mal, vício e virtude. Nos poemas épicos, Anchieta mostra a influência de Virgílio. O polilingüismo de muitas poesias e autos expressa uma atitude adaptativa ao meio. A palavra escrita ajustava-se à nova realidade, tentando inculcar valores portugueses e cristãos na população autóctone e mestiça que começava a se constituir. Estes primeiros escritos, feitos no Brasil e sobre o Brasil, de acordo com critérios estéticos vigentes no Ocidente, desvendam relações com estilos de vida e arte. São importantes por conterem uma literatura de imaginação, possível raiz do mito ufanista que se projeta através do tempo até a contemporaneidade.
    Esteticamente, as criações literárias dos três primeiros séculos são barrocas, neoclássicas e arcádicas. A organização da prosa identifica-se com o barroco no processo de identificação ilusória e sensorial, expresso nos jogos de palavras, trocadilhos e enigmas. Conceitualismo e cultismo, na melhor tradição cultural ibérica, misturam o mitológico ao descritivo, a alegoria ao realismo, o patético ao satírico, o idílico ao dramático. A literatura brasileira nasceu com o barroco, pelas mãos jesuíticas. Neste trabalho merecem destaque o padre António Vieira, Bento Teixeira, Gregório de Matos, Manuel Botelho de Oliveira, secundados por frei Manuel de Santa Maria Itaparica, padre Simão de Vasconcelos, frei Manuel Calado, Francisco de Brito Freire. Quando não integrantes da Companhia de Jesus, muitos destes autores foram educados pelos jesuítas, nos colégios ao lado das igrejas, em aulas de letras e humanidades, focos de transmissão da cultura metropolitana. Nelas, escoava a tradição portuguesa da retórica, base da formação intelectual e literária, preocupada em ensinar a falar e escrever com persuasão e beleza. Projetava-se, também, a postura intelectual da imitação de modelos, realizada nos escritos destes primeiros autores, em variados graus que vão da inspiração à glosa e tradução.
    Nesta primeira fase, a literatura brasileira segue o ritmo lusitano do tempo. A obra do jesuíta, catequista e orador sacro Antônio Vieira (1608-1697) tem marcas européias, portuguesas e brasileiras. Os 15 volumes de Sermões são de particular interesse para nossa literatura, principalmente o Sermão do primeiro domingo da Quaresma (1653), que versava sobre a extinção do escravidão dos índios, e o Sermão XIV do rosário (1633), sobre os escravos negros. Na História do futuro, Antônio Vieira escreve um tratado sobre o profetismo, onde defende a mística do "5º Império do Mundo", que seria português, com sede no Brasil. Beirando a heterodoxia, este texto obrigou seu autor a explicar-se ante o Tribunal do Santo Ofício (ver Inquisição). Maior orador sacro do Brasil, o padre Antônio Vieira era um barroco. Sua oratória é prolixa e cheia de alegorias, nas quais revela a argúcia de seu raciocínio.
Bento Teixeira (1561-1600), cristão-novo português, nascido no Porto e morador de Pernambuco, escreveu a Prosopopéia, exaltando o terceiro donatário da Capitania de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. Obra barroca, calcada em Os Lusíadas, exalta o herói estóico cristão, realçando valores como o heroísmo, a estirpe, o poder, a glória, a honra, a riqueza, o saber e as virtudes. Inspira-se na terra e revela um caráter social e individual. Criação diretamente estruturada pela realidade, permite a realização, num plano imaginário, de uma coerência jamais atingida pelo autor, cripto-judeu, no plano real.

***Gregório de Matos (1838-1696), natural da Bahia, cria uma poética composta de poemas líricos, religiosos e satíricos, nos quais retrata o Brasil com pessimismo realista, mesclado de obscenidades. Pela temática e técnica estilística, é a mais forte expressão individual do barroco na colônia. Manifestação da mestiçagem cultural, Gregório de Matos coloca em seus escritos antíteses, equívocos e jogos de palavras, transpostos dos modelos de Góngora e Quevedo. Sua obra é marcada pelos dualismos: religiosidade e sensualismo, misticismo e erotismo, valores terrenos e aspirações espirituais.

***Manoel Botelho de Oliveira (1838-1711) publicou Musica do Parnaso (1705), dividido em quatro coros de rimas portuguesas, castelhanas, italianas e latinas, com seu descante cômico reduzido em duas comédias: Hay amigo para amigos e Amor, Engaños y Celos. Poeta-literato, segue os modelos de Marino Góngora e, em seu processo estilístico, destacam-se a analogia e a acentuação dos contrastes.

***Frei Manoel de Santa Maria Itaparica, nascido na Bahia em 1704, escreveu uma epopéia sacra, Eustáquidos (1769), imitação dos épicos, e um poema, "Descrição da cidade da Ilha de Itaparica". Simão de Vasconcelos produziu uma obra de edificação religiosa em que se distingue a Vida do venerável padre José de Anchieta (1672).

***Frei Manuel Calado inspira-se na defesa da terra contra invasores estrangeiros para criar Valeroso Lucideno (1648). De autoria de Francisco Brito Freire é A Nova Lusitânia (1675). Nesta primeira fase, não se deve estranhar o teor das manifestações literárias. Primeiro, pela fragilidade da vida intelectual na colônia, fato compreensível uma vez que a colonização foi um fenômeno burguês, com caráter empresarial, visando a produção e o lucro no comércio do açúcar. Não havia público para a produção literária, nem interesse nela, em um meio acrítico e desinteressado da vida cultural. No entanto, não houve deseuropeização: as estruturas do mundo que se erigia eram genuinamente portuguesas, embora passíveis de adoçamentos. As manifestações literárias foram, pois, desdobramentos da literatura portuguesa que, por sua vez, ainda não tinha desenvolvido perfeitamente os gêneros literários. Salvo raras exceções, a literatura barroca produzida na colônia acabou sendo de qualidade inferior. A própria obra de Anchieta, a mais alta expressão do barroco no seu tempo, não teve valor estético de primeira grandeza.

Momento sócio-cultural

*Período áureo do ciclo da cana-de-açúcar.
*Centros econômicos e culturais: Bahia e Pernambuco.
*Poder econômico: senhores de engenho. Relação básica: senhor e escravo.
*Ausência de centros urbanos e de vida cultural.
*Ampliação do território pelos bandeirantes.

Características literárias

*Poesia e prosa caracterizadas pela "duplicidade": os dois autores mais im-
portantes do barroco brasileiro pertencem  igualmente  à história literária
luso-espanhola.
*Academias literárias, preservando  o espírito barroco e anunciando o ilumi-
nismo.

Autores e obras

Poesia
*Gregório de Matos, poeta culto e conceptista, europeu e brasileiro, primeira voz de nossa literatura, poeta "maldito" (Boca do Inferno): poesia lírica, religiosa, filosófica, satírica e encomiástica (elogiosa).  Não publicou nenhuma obra em vida.
Prosa (oratória sacra)
*Padre Antônio Vieira, maior orador sacro do conceptismo barroco e de toda a
língua portuguesa. Sermão da Sexagésima, Sermão de bom sucesso das armas de
Portugal contra as de Holanda, Sermão de Santo Antônio dos Peixes
e outros.

Setecentismo ou Arcadismo(1768):
    No Quadro Cronológico Literário europeu e no brasileiro, o Arcadismo é o estilo que sucede o Barroco e predomina no século XVIII. Daí seu outro nome: SETECENTISMO, pela data.
    O nome Arcadismo vem do nome ARCÁDIA, região da Grécia Antiga habitada por entidades mitológicas, caracterizada como uma floresta repleta de riquezas e de belezas naturais. Como a Literatura do século XVIII tem como tema central a natureza, nada melhor do que ter a Arcádia como fonte de inspiração (como modelo)  e ARCADISMO como denominação do conjunto dessa Literatura.
    A Cultura contemporânea do Arcadismo é ANTROPOCÊNTRICA; está, portanto, resolvido o dilema com o qual viveu o homem  barroco.
    A volta do Antropocentrismo representa também a volta dos modelos artísticos e literários do Classicismo da Antigüidade e o do Renascimento . As obras arcádicas trazem de volta características clássicas como:
**presença de elementos da Mitologia greco-romana: 
**obediência à Versificação;
**preciosismo vocabular;
**figuras de linguagem (personificações, antíteses, metáforas, hipérbatos, etc).
     Os intelectuais brasileiros também têm contato com as idéias de liberdade propagadas pelos iluministas. A Revolução Francesa e a Independência dos Estados Unidos inspiram os intelectuais brasileiros na promoção de uma "revolução" também no Brasil, cujos habitantes, além de verem navios lotados de ouro, prata e outros valiosos minerais partindo, ainda têm que pagar impostos absurdos à coroa portuguesa. Esse grupo de intelectuais desejam promover a Independência do Brasil e transformar o país numa República.
     O grande centro econômico-cultural do país nessa época é Vila Rica (hoje, Ouro Preto), então capital de Minas Gerais; lá é que se  pratica a principal atividade econômica: a MINERAÇÃO e que se encontram os revolucionários citados - os INCONFIDENTES. O Movimento de Inconfidência Mineira está se preparando para concretizar seu grande objetivo quando o grupo de inconfidentes é delatado por Joaquim Silvério dos Reis; fracassa, assim, o movimento, mas o desejo de liberdade parece se fortificar nos corações brasileiros após a morte do líder  do movimento - Tiradentes!
      Dos inconfidentes, quatro são grandes poetas do Arcadismo Brasileiro  e que formam o famoso "GRUPO MINEIRO": Cláudio Manuel da Costa (que introduziu o Arcadismo no país em 1768 com a obra "Obras" ou "Obras Poéticas"), Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
     Com o tempo, a obra arcádica brasileira começa a introduzir na Literatura elementos da paisagem brasileira e a focalizar o índio como personagem  (herói) de grandes epopéias. Tais obras já são consideradas "Pré-Românticas". É o caso das epopéias de Basílio da Gama e Santa Rita Durão. 

Romantismo(1836):
     Romantismo foi um movimento artístico, político e filosófico surgido nas últimas décadas do século XVIII na Europa que perdurou por grande parte do século XIX. Caracterizou-se como uma visão de mundo contrária ao racionalismo que marcou o período neoclássico e buscou um nacionalismo que viria a consolidar os estados nacionais na Europa.
Inicialmente apenas uma atitude, um estado de espírito, o Romantismo toma mais tarde a forma de um movimento e o espírito romântico passa a designar toda uma visão de mundo centrada no indivíduo. Os autores românticos voltaram-se cada vez mais para si mesmos, retratando o drama humano, amores trágicos, ideais utópicos e desejos de escapismo. Se o século XVIII foi marcado pela objetividade, pelo Iluminismo e pela razão, o início do século XIX seria marcado pelo lirismo, pela subjetividade, pela emoção e pelo eu.
O termo romântico refere-se, assim, ao movimento estético ou, em um sentido mais lato, à tendência idealista ou poética de alguém que carece de sentido objetivo.
   
O romantismo seria dividido em 3 gerações:
  • 1ºgeração — As características centrais do romantismo viriam a ser o lirismo, o subjetivismo, o sonho de um lado, o exagero, a busca pelo exótico e pelo inóspito de outro. Também destacam-se o nacionalismo, presente da colectânea de textos e documentos de caráter fundacional e que remetam para o nascimento de uma nação, fato atribuído à época medieval, a idealização do mundo e da mulher e a depressão por essa mesma idealização não se materializar, assim como a fuga da realidade e o escapismo. A mulher era uma musa, ela era amada e desejada mas não era tocada.
  • 2ºgeração — Eventualmente também serão notados o pessimismo e um certo gosto pela morte, religiosidade e naturalismo. A mulher era alcançada mas a felicidade não era atingida.
  • 3ºgeração — Seria a fase de transição para outra corrente literária, o realismo, a qual denuncia os vícios e males da sociedade, mesmo que o faça de forma enfatizada e irónica (vide Eça de Queiróz), com o intuito de pôr a descoberto realidades desconhecidas que revelam fragilidades. A mulher era idealizada e acessível.

Individualismo

Os românticos libertam-se da necessidade de seguir formas reais de intuito humano, abrindo espaço para a manifestação da individualidade, muitas vezes definida por emoções e sentimentos.

Subjetivismo

O romancista trata dos assuntos de forma pessoal, de acordo com sua opinião sobre o mundo. O subjetivismo pode ser notado através do uso de verbos na primeira pessoa. Trata-se sempre de uma opinião parcelada, dada por um individuo que baseia sua perspectiva naquilo que as suas sensações captam.
Com plena liberdade de criar, o artista romântico não se acanha em expor suas emoções pessoais, em fazer delas a temática sempre retomada em sua obra.
O eu é o foco principal do subjetivismo, o eu é egoísta, forma de expressar seus sentimentos.

Idealização

Empolgado pela imaginação, o autor idealiza temas, exagerando em algumas de suas características. Dessa forma, a mulher é uma virgem frágil, o índio é um herói nacional, e a pátria sempre perfeita. Essa característica é marcada por descrições minuciosas e muitos adjetivos.

Sentimentalismo Exacerbado

Praticamente todos os poemas românticos apresentam sentimentalismo já que essa escola literária é movida através da emoção, sendo as mais comuns a saudade, a tristeza e a desilusão. Os poemas expressam o sentimento do poeta, suas emoções e são como o relato sobre uma vida.
O romântico analisa e expressa a realidade por meio dos sentimentos. E acredita que só sentimentalmente se consegue traduzir aquilo que ocorre no interior do indivíduo relatado.
Emoção acima de tudo.

Egocentrismo

Como o nome já diz, é a colocação do ego no centro de tudo. Vários artistas românticos colocam, em seus poemas e textos, os seus sentimentos acima de tudo, destacando-os na obra. Pode-se dizer, talvez, que o egocentrismo é um subjetivismo exagerado.

Natureza interagindo com o eu lírico

A natureza, no Romantismo, expressa aquilo que o eu-lírico está sentindo no momento narrado. A natureza pode estar presente desde as estações do ano, como formas de passagens, à tempestades, ou dias de muito sol. Diferentemente do Arcadismo, por exemplo, que a natureza é mera paisagem. No Romantismo, a natureza interage com o eu-lírico.A natureza funciona quase como a expressão mais pura do estado de espírito do poeta.

Grotesco e sublime

Há a fusão do belo e do feio, diferentemente do arcadismo que visa a idealização do personagem principal, tornando-o a imagem da perfeição. Como exemplo, temos o conto de A Bela e a Fera, no qual uma jovem idealizada, se apaixona por uma criatura horrenda.

Medievalismo

Alguns românticos se interessavam pela origem de seu povo, de sua língua e de seu próprio país. Na Europa, eles acharam no cavaleiro fiel à pátria um ótimo modo de retratar as culturas de seu país. Esses poemas se passam em eras medievais e retratavam grandes guerras e batalhas.

Indianismo

É o medievalismo "adaptado" ao Brasil. Como os brasileiros não tinham um cavaleiro para idealizar, os escritores adotaram o índio como o ícone para a origem nacional e o colocam como um herói. O indianismo resgatava o ideal do "bom selvagem" (Jean-Jacques Rousseau), segundo o qual a sociedade corrompe o homem e o homem perfeito seria o índio, que não tinha nenhum contato com a sociedade européia.

Byronismo

Inspirado na vida e na obra de Lord Byron, poeta inglês. Estilo de vida boêmio, voltado para vícios, bebida, fumo e sexo, podendo estar representado no personagem ou na própria vida do autor romântico. O byronismo é caracterizado pelo narcisismo, pelo egocentrismo, pelo pessimismo, pela angústia.

Realismo/Naturalismo/Parnasianismo(1881): 


    O Realismo e o Naturalismo foram as duas escolas literárias de domínio no fim do século XIX e início do século XX. Sua contra-parte na poesia é chamada de Parnasianismo. Apesar de se parecerem, o Realismo e o Naturalismo tem diferenças e quanto ao Parnasianismo, apesar de dominante não foi o único estilo de poesia da época, apesar de ter sido o dominante. O mais importante autor realista e maior escritor do Brasil foi Machado de Assis, que possui página em separado. Outro autor importante na época foi o naturalista Inglês de Sousa, redator dos estatutos da ABL.

Raul Pompéia
Raul D'Ávila Pompéia teve uma infância rica e reclusa. Seus pais eram donos de uma fazenda de cana-de-açúcar e o mandaram para um internato com 10 anos, em 1863. Lá recebeu influências para escrever O Ateneu e escreveu seu primeiro livro, antes dos 15 anos, muito aclamado pela crítica da época, especialmente por ser o autor tão jovem. Mais tarde estudou num Externato e foi estudar Direito, colaborando também com jornais e revistas. Era abolicionista e republicano. Muito sensível, este professor, político, jornalista, escritor e polemista se suicidou em 1895. Foi um escritor que não se pode enquadrar em único estilo, tendo influências naturalistas, realistas, expressionistas e impressionistas. Sua obra de maior importância é O Ateneu, que tem algum caráter autobiográfico. Nas passagens a seguir, note a linguagem rebuscada que o autor usa.
"Vais encontrar o mundo, disse-me meu pai, à porta do Ateneu. Coragem para a luta." O Ateneu
"Falavam do incendiário. Imóvel! Contavam que não se achava a senhora. Imóvel! A própria senhora com quem ele contava para o jardim de crianças! Dor veneranda! Indiferença suprema dos sofrimentos excepcionais! Majestade inerte do cedro fulminado! Ele pertencia ao monopólio da mágoa. O Ateneu devastado! O seu trabalho perdido, a conquista inapreciável de seus esforços!... Em paz!... Não era um homem aquilo; era um de profundis." O Ateneu
 
Aluísio de Azevedo
Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo foi desenhista e mais tarde escritor profissional, se envolveu na política maranhense, fundou jornais e publicou o primeiro livro naturalista brasileiro, O Mulato. Foi o primeiro escritor brasileiro a ter a literatura exclusivamente como profissão. Sua obra variou em qualidade, tendo feito alguns dramalhões românticos que considerava de má qualidade - e eram - e obras naturalistas de relevância - junto com outras de nem tanta relevância. Mais tarde se desgostou da literatura e ingressou no serviço público. Foi membro da ABL. O que se segue são passagens de suas obras mais famosas, as naturalistas O Mulato, O Cortiço e Casa de Pensão.
"Naquela mulata estava o grande mistério e a síntese das impressões que ele recebera chegando aqui: ela era a luz ardente do meio-dia; ela era o calor vermelho das sestas da fazenda; era o aroma quente dos trevos e das baunilhas, que o atordoara nas matas brasileiras; era a palmeira virginal e esquiva que não se torce a nenhuma outra planta; era o veneno e era açúcar gostoso; era o sapoti mais doce que o mel e era a castanha do caju, que abre feridas com seu azeite de fogo; ela era a cobra verde e traiçoeira, a lagarta viscosa, a muriçoca doida, que esvoaçava havia muito tempo em trono do idade da terra, piscando-lhe as artérias, para lhe cuspir dentro do sangue uma centelha daquele amor setentrional, uma nota daquela música feita de gemidos de prazer, uma larva daquela nuvem de cantáridas que zumbiam em torno da Rita Baiana e espalhavam-se pelo ar numa fosforescência afrodisíaca." O Cortiço
"Bertoleza então, erguendo-se com ímpeto de anta bravia, recuou de um salto e, antes que alguém conseguisse alcançá-la, já de um só golpe certeiro e fundo rasgara o ventre de lado a lado." O Cortiço
"Sua pequena testa, curta e sem espinhas, margeada de cabelos crescendo, não denunciava o que naquela cabeça havia de voluptuoso e ruim. Seu todo acanhado, fraco e modesto, não deixava transparecer a brutalidade daquele temperamento cálido e desensofrido." Casa de Pensão
"Então, fechou novamente os olhos estremecendo, esticou o corpo - e uma palavra doce esvoaçou-lhe nos lábios entreabertos, como um fraco e lamentoso apelo de criança: - Mamãe!...
E morreu." Casa de Pensão
"Raimundo tinha vinte e seis anos e seria um tipo acabado de brasileiro, se não foram os grandes olhos azuis, que puxara do pai. Cabelos muito pretos, lustrosos e crespos; tez morena e amulatada, mas fina; dentes claros que reluziam sob a negrura do bigode; estatura alta e elegante; pescoço largo, nariz direito e fronte espaçosa. A parte mais característica de sua fisionomia eram os olhos - grandes ramalhudos, cheios de sombras azuis; pestanas eriçadas e negras, pálpebras de um roxo vaporoso e úmido; as sobrancelhas, muito desenhadas no rosto, como a nanquim, faziam sobressair a frescura da epiderme, que, no lugar da barba raspada, lembrava os tons suaves e transparentes de uma aquarela sobre papel de arroz." O Mulato
"Ana Rosa estremeceu toda, deu um grito, ficou lívida, levou as mãos aos olhos. Parecia-lhe ter reconhecido Raimundo naquele corpo ensangüentado. Duvidou e, sem ânimo de formular um pensamento, abriu de súbito as vidraças.
Era, com efeito, ele.
(...) A moça deixou atrás de si, pelo chão, um grosso rastro de sangue, que lhe escorria debaixo das saias, tingindo-lhe os pés. E, no lugar da queda, ficou no assoalho uma enorme poça vermelha." O Mulato
 
Artur Azevedo
Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo (1855-1908), irmão mais velho de Aluísio de Azevedo, foi contista, jornalista, tradutor, crítico e, principalmente, teatrólogo. Autor de mais de 70 peças de teatro, pode junto com Martins Pena ser considerado um dos criadores da dramaturgia nacional. Sua obra era afinada com o gosto popular, e continham, assim como sua poesia e seus contos, elementos cômicos. Artur Azevedo teve vários empregos burocráticos (como muitos escritores do século XIX) enquanto escrevia. Azevedo também é o provável autor da primeira crítica de cinema nacional.
 
Coelho Neto
Henrique Maximiliano Coelho Neto (1864-1934) foi em sua época o que hoje é Paulo Coelho em termos de Literatura Brasileira: um escritor de grande apelo popular, prolífico e de baixa qualidade. Deputado, o "príncipe dos prosadores brasileiros" (como foi eleito em 1928) escrevia freneticamente não apenas romances e contos, mas também artigos para jornais brasileiros e estrangeiros.
 
João do Rio
João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto (1881-1921) foi o jornalista, cronista, contista e teatrólogo conhecido como João do Rio, o pseudônimo com o qual assinava seus artigos. No seu tempo, João do Rio era um dos mais importantes jornalistas e escritores do Rio de Janeiro, sendo até mesmo aceito na ABL. E isso era muito estranho para sua época, já que João do Rio era mulato, homossexual e cocainômano numa sociedade que desprezaria qualquer uma das três qualidades. Mas João do Rio escrevia artigos que eram muito apreciados pela sociedade da época e se enquadram na mesma categoria de Coelho Neto: "sorriso da sociedade".
 
Inglês de Sousa
Herculano Marcos Inglês de Sousa (1853-1918), romancista e contista paraense, foi uma das principais figuras do Naturalismo no Brasil. Influenciado pelo francês Émile Zola e pelo português Eça de Queirós, a obra de Inglês de Sousa tem grandes qualidades estilísticas, descritivas e narrativas, sendo um dos regionalistas de mais destaque do século XIX, descrevendo com romances como O Missionário os costumes da região amazônica. Pertencente à ABL, redigiu seus estatutos internos. Ingl6es de Sousa é vítima de um mal que afeta muitos naturalistas: sua técnica um tanto pomposa e artificial é de certa monotonia.
 
Domingos Olímpio
Nascido em Sobral, Ceará, a 18 de setembro de 1850, o escritor naturalista Domingos Olímpio Braga Cavalcanti foi um dos poucos e um dos últimos de sua escola. Em 1873 tornou-se bacharel em Direito em Recife voltou ao Ceará para exercer o jornalismo como abolicionista e republicano; casou-se dois anos depois, quando também foi escolhido promotor público. Quatro anos depois, forçado pela situação política (era político de oposição) mudou-se para o Pará. Em 1891 muda-se para o RJ, onde exerce o jornalismo e a advocacia. Viúvo, casa-se novamente no ano seguinte. Em 1903 publica sua principal obra, Luzia-Homem, e passa a escrever sob o pseudônimo de "Pojucan" na recém-fundada Os Anais. Em 6 de outubro de 1906, falece.
"Sob os músculos poderosos de Luzia-Homem estava a mulher tímida e frágil, afogada no sofrimento que não transbordava em pranto, e só irradiava , em chispas fulvas, nos grandes olhos de luminosa treva." Luzia-Homem
"Raulino recuou, cortado de terror, ante o cadáver; e, num turbilhão de cólera, rugiu arrepiado, apertando os dentes, e, com uns gestos, que eram crispações medonhas de fera, esquadrinhou o terreno, buscando e rebuscando o criminoso." Luzia-Homem
 
Olavo Bilac
Jornalista, Olavo Brás dos Martins de Oliveira Bilac nasceu a 16 de dezembro de 1865 e morreu em 28 de dezembro de 1918. Principiou estudos de Medicina e Direito, mas abandonou ambos para se dedicar a Literatura. Foi preso durante a Revolta da Armada por Floriano Peixoto, tendo participado de campanhas cívicas, mas trabalhando muito pouco em seus empregos públicos. Pertenceu à ABL, tendo sido o principal poeta parnasiano. Sua poesia por vezes se afastava do ideal parnasiano, mas escreveu muitas poesias tecnicamente impecáveis. Considerado um dos maiores poetas brasileiros de todos os tempos, observe na passagem abaixo o ideal parnasiano que ele e os outros poetas a seguir buscavam.
"Quero que a estrofe cristalina,
Dobrada ao jeito
Do ourives, saia da oficina
Sem um defeito:"
 
Alberto de Oliveira
Antônio Mariano Alberto de Oliveira (1859-1937) cursou Medicina e formou-se em Farmácia. O mais parnasiano dos poetas, começou com poesia romântica. Foi funcionário público e professor o Príncipe dos Poetas, membro fundador da ABL. Sua poesia era altamente descritiva e de grande cuidado na forma, como atesta a passagem abaixo.
"Estranho mimo aquele vaso! Vi-o
Casualmente, uma vez, de um perfumado
Contador sobre o mármor luzidio,
Entre um leque e o começo de um bordado."
 
Raimundo Correia
Raimundo da Mota Azevedo Correia (1860-1911) formou-se em Direito e foi magistrado e diplomata, tendo se aproximado do Simbolismo com sua poesia amargurada e intensa, que tem a seguir uma amostra.
"Quanta gente que ri, talvez existe,
Cuja ventura única consiste
Em parecer aos outros venturosa!"

Bibliografias: www.wikipedia.com.br
                        www.algosobre.com.br
                        www.historiadaarte.com.br
                        http://rosabe.sites.uol.com.br
                        http://portalliterario.sites.uol.com.br
                        www.graudez.com.br
















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